Catarina Patrício, DROMOPOLIS, instalação audiovisual (técnica
mista sobre papel, cada 190X150 cm, audio 14’ 12” loop, cartão e bandas
reflectorizadas).
Ao traçar uma geometria possível do quotidiano, surge uma etapa que decorre num espaço essencial para a urbanização em tempo real da cidade : o parque de estacionamento subterrâneo – esse não-lugar, tal como o sugere Marc Augé em Non-Lieux, Introduction à une Anthropologie de la Surmodernité.
Aqui, o sujeito segue a lógica sequencial pré-definida do lugar. A partir do acesso autorizado e da relação contratual que o sujeito estabelece com o não-lugar, o percurso em tempo-real é pontuado, “arborizado”, por paisagem-texto, interface que o situa, apresentando directrizes e instruções de como se comportar no espaço. Há como que um diálogo silencioso, entre o utilizador e o não-lugar.
O passageiro inerte do não-lugar só reencontra a sua identidade à saída, ao passar pelo controlo. Até lá, obedece aos mesmos códigos e solitações que os outros, isto porque o espaço do não-lugar distribui similitudes entre agentes. Porém, é nesta doce possessão do espaço em relação ao sujeito, que o utilizador encontra jouissance, apraz-se com a desidentificação e encontra o prazer do desempenho de um papel – constituindo-se assim uma nova auto-relação.
Com o pensamento dromológico de Paul Virilio, a teoria do não-lugar de Augé terá de ser redefinida. Marc Augé não desacoplou as categorias tempo e espaço e, não olhando à semântica do seu próprio conceito tomou o lugar em que ocorre uma determinada passagem pela sua duração.
É dentro destes trâmites que propomos DROMOPOLIS : um site-specific de 12 horas no parque de estacionamento subterrâneo do largo Camões em Lisboa.
O parque de estacionamento é por nós entendido enquanto um bem (de consumo), um terminal que coroa a extensão e duração de uma comutação. Não é, portanto, um depósito de veículos, no sentido em que está assegurada a existência virtual do automóvel pela iluminação tele-óptica da tele-vigilância. O condutor ejecta-se para a superfície, deixando o automóvel de existir enquanto dura o acesso autorizado ao não-lugar.
O recurso ao site-specific reclama, dentro de uma dromopolis ligada em rede trans-aparente, um espaço em tempo real para a obra de arte. Assim, procuramos interpelar o utilizador do não-lugar com duas questões lançadas por Paul Virilio em Art as far as the eye can see : Como resistir à desmaterialização de um mundo onde tudo é déjà vu e imediatamente esquecido? Como persistir enquanto espectador no espaço real da obra de arte, enquanto a aceleração do tempo real abalroa tudo no seu caminho? Assim, como réplica a estas questões, apresentamos no dia 8 de Maio num sítio específico (parque de estacionamento do Camões), em 8 lugares do piso –1, num tempo específico (das 5 p.m. às 5 a.m. do dia seguinte) um conjunto de desenhos instalados pensados a partir de uma imbricação entre dromologia, non-lieux e site-specific.
Aqui, o sujeito segue a lógica sequencial pré-definida do lugar. A partir do acesso autorizado e da relação contratual que o sujeito estabelece com o não-lugar, o percurso em tempo-real é pontuado, “arborizado”, por paisagem-texto, interface que o situa, apresentando directrizes e instruções de como se comportar no espaço. Há como que um diálogo silencioso, entre o utilizador e o não-lugar.
O passageiro inerte do não-lugar só reencontra a sua identidade à saída, ao passar pelo controlo. Até lá, obedece aos mesmos códigos e solitações que os outros, isto porque o espaço do não-lugar distribui similitudes entre agentes. Porém, é nesta doce possessão do espaço em relação ao sujeito, que o utilizador encontra jouissance, apraz-se com a desidentificação e encontra o prazer do desempenho de um papel – constituindo-se assim uma nova auto-relação.
Com o pensamento dromológico de Paul Virilio, a teoria do não-lugar de Augé terá de ser redefinida. Marc Augé não desacoplou as categorias tempo e espaço e, não olhando à semântica do seu próprio conceito tomou o lugar em que ocorre uma determinada passagem pela sua duração.
É dentro destes trâmites que propomos DROMOPOLIS : um site-specific de 12 horas no parque de estacionamento subterrâneo do largo Camões em Lisboa.
O parque de estacionamento é por nós entendido enquanto um bem (de consumo), um terminal que coroa a extensão e duração de uma comutação. Não é, portanto, um depósito de veículos, no sentido em que está assegurada a existência virtual do automóvel pela iluminação tele-óptica da tele-vigilância. O condutor ejecta-se para a superfície, deixando o automóvel de existir enquanto dura o acesso autorizado ao não-lugar.
O recurso ao site-specific reclama, dentro de uma dromopolis ligada em rede trans-aparente, um espaço em tempo real para a obra de arte. Assim, procuramos interpelar o utilizador do não-lugar com duas questões lançadas por Paul Virilio em Art as far as the eye can see : Como resistir à desmaterialização de um mundo onde tudo é déjà vu e imediatamente esquecido? Como persistir enquanto espectador no espaço real da obra de arte, enquanto a aceleração do tempo real abalroa tudo no seu caminho? Assim, como réplica a estas questões, apresentamos no dia 8 de Maio num sítio específico (parque de estacionamento do Camões), em 8 lugares do piso –1, num tempo específico (das 5 p.m. às 5 a.m. do dia seguinte) um conjunto de desenhos instalados pensados a partir de uma imbricação entre dromologia, non-lieux e site-specific.